Marcelo Rebelo de Sousa lamentou o fecho de alfarrabistas e ouviu queixas sobre “a lei da doutora Cristas”.

O Presidente da República visitou esta segunda-feira, no Dia Mundial do Livro, várias livrarias, na zona do Chiado, em Lisboa, incluindo um alfarrabista prestes a fechar, onde ouviu queixas sobre “a lei da doutora Cristas”.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou ao Largo Trindade Coelho pelas 14h15, para um percurso a pé que duraria cerca de duas horas. A Livraria Olisipo, fundada em 1983, foi a primeira em que entrou e, logo à chegada, Madalena Vicente informou-o de que lhes “falta um ano e tal para sair” daquele espaço.

O chefe de Estado mostrou-se espantado: “Ai é?”. Madalena Vicente, que mantém com o filho, Bruno, o negócio fundado pelo marido, José Ferreira Vicente, que morreu no ano passado, explicou-lhe, baixinho, o motivo para o encerramento quase certo: “Foi a lei. A lei da doutora Cristas”.

Em declarações aos jornalistas, à saída da Livraria Olisipo, onde ficou ainda a saber que outros dois alfarrabistas da Rua do Alecrim vão fechar as portas, devido ao fim de contratos e à subida dos preços das rendas, Marcelo Rebelo de Sousa observou que, “de facto, isto começa a ser um bocadinho preocupante para atividades desta natureza”.

Questionado se considera um erro o regime do arrendamento aprovado pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, da responsabilidade da então ministra Assunção Cristas, atual presidente dos democratas-cristãos, o Presidente da República respondeu: “Eu estou a verificar, até um pouco surpreso, que há consequências que não tinha tão presentes assim deste tipo de solução legal”.

“Vamos ver o que é que é possível fazer. Não cabe ao Presidente da República estar a avançar com soluções, mas cabe ter a noção exatamente do problema que possa existir”, acrescentou, já a caminho da Livraria Bizantina, um alfarrabista que não está em risco de fechar, por ser o proprietário do imóvel.

Antes de descer a Rua da Misericórdia até ao Chiado, para visitar as livrarias Sá da Costa e Bertrand, o Presidente da República disse que quis, nesta data, “verificar, primeiro com alfarrabistas, depois com livrarias, por que é que têm vindo a morrer tantos alfarrabistas e tantas livrarias — não é só em Lisboa, é em todo o país”.

“No Dia Mundial do Livro, não é uma boa notícia, é uma má notícia”, lamentou.

O chefe de Estado referiu que “colecionava muitos livros e gostava muito” de ir a alfarrabistas, e que estes, “pouco a pouco, foram fechando, fechando, fechando, e está a acelerar brutalmente”.

“Faziam parte do encanto deste centro de Lisboa e tinham décadas e décadas e décadas de vida”, observou.

Fonte: TSF com Lusa